domingo, 22 de março de 2009

O PAI POÉTICO

Porque no dia 19 foi o dia de S.José, o dia do pai, e porque ontem foi o dia mundial da poesia, juntei o útil ao agradável, e decidi publicar um poema de Eduardo Rôlo que descreve o amor de pai e a felicidade de o ser de verdadeiramente.

A todos os pais, em especial ao meu pai. Sabes ser Pai sempre, sem te preocupares com o conceito, és assim, naturalmente, o pai que me ajudou a ser o que hoje sou e que me ensinou o que é o amor: não o conceito, mas de onde ele vem!






Feliz o pai que
é companheiro e amigo;
que está presente e faz família.
Que arranja tempo e ternura
para dar e para amar
o melhor que o mundo tem.
Que trabalha e vai à frente,
qual modelo de constância e de projecto.

Feliz o pai que desce à magia da criança;
que se encanta a ver o filho
despertar para a vida…
no jeito de se afirmar «nisto» ou «naquilo»;
que protege e solta o pássaro que habita nele.

Feliz o pai que preenche o olhar fixo
da filha-menina e lhe arranca
silêncios de coração, como a dizer:
«quando for grande,
é um amor assim que quero ter…!»



Eduardo Rêgo

sexta-feira, 20 de março de 2009

LOUSADA: A FORTALEZA ANSIADA


Ao toque adormecido do louvor,
Erguemos aos céus, numa melodia,
As vozes da terra no seu esplendor,
Que cantam a Origem com alegria.
Com olhos no futuro, está o furor
De lembrar Ontem o nosso dia,
O passado, de Hora e de Amanhã.

O Fado chama-nos à união
Na busca de um sublime coração.

És tu, no Vale do Sousa plantada,
Que incandesces com a tua rara beleza
Os olhos que tu fitas, terra amada.
Lágrimas te percorrem: são tristeza.
Saudade de quem por ti passou, Lousada.
Teu verde, fértil, traz-nos a certeza
De uma presente geração, com fulgor.
Cantares de júbilo te dêem valor.

Já a manhã se julga senhora
E já o é a tua nobre gente.

Cantemos tuas lágrimas de esperança,
Teu sorriso tímido no nevoeiro,
Ou o teu brilho que a montanha alcança;
Cantemos o sonho verdadeiro,
De em tudo pôr amor, como uma criança:
Tornar Lousada exemplo ao mundo inteiro!
No horizonte, no paraíso prostrada,
Se forma, a fortaleza ansiada.

segunda-feira, 2 de março de 2009

CONTINUAÇÃO D' O CONTO DO VELHO


no antigamente eu tinha o meu pai, eu tinha a minha mãe. Eu era moço e vivia.

A noite veio mais depressa. Lembro-me de acordar e de gritar pelo espaço, palavras dormentes, palavras de um sonâmbulo que mal atravessavam os vultos que me separavam dos meus pais.
Alguns dias passaram em que eu ainda não tinha acordado daquela noite. E quando acordei não havia a cozinha, nem a janela onde estava desenhada a casa. Não havia o campo verde, nem as flores. Não havia a laranjeira, nem havia a Constança.
Agora, diante dela fala a mesma saudade, o menino que foi e que é feliz (apenas) quando de noite se deita, para falar e para brincar com a sua melhor amiga, ainda que seja apenas em sonhos.
E ela espera-me na laranjeira, a Constança, enquanto eu não adormeço para, em sonhos, a rever.



Meus queridos leitores, apresento-vos o velho que em mim surgiu, estranhamente, e aqui escreveu, cuja misteriosa vida irá ser contada neste blog, mais adiante:


Fernando Almada Dias