terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ERA UMA VEZ UM LUGAR


Um dia, fugi. Fugi para tão longe e por tão vastos caminhos, que não sei explicar que sítio era, nem como lá voltar. Ao meu lado, a multidão, não era mais do que isso. Eu conseguia torna-las transparentes. Estranho era eu tentar pisar o chão e não conseguir. Loucura? No mínimo.
Corri, mas não tinha velocidade. Ri, mas não tinha voz. Queria sentir e pensar: mas os meus olhos não viam. Entre eles e o cérebro cresceram paredes pintadas de emoções que eu não tinha, e de razões que disso não passavam. Loucura? No mínimo.
Havia o silêncio, havia a paz que eu buscava. As horas cantavam o som das notas mudas que me cobriam; os minutos e os segundos dançavam aos pares. Belo era vê-los a sorrir, contentes por eu não os reconhecer. E cantavam e dançavam, cada vez mais ferozmente. E eu nada fiz: não compreendia. E assim sentia-me feliz. Loucura? No mínimo.
A dada altura choveram gotas de cansaço e roçaram em mim, como se fosse esse o seu destino. Eu estava sedenta, deixei-me molhar. Absorvi até à última gota.
Como era belo aquele lugar! Que plenitude, que silêncio, que frescura... Os olhos pesaram e as pálpebras deixaram-se colar. Essa cortina impediu-me de continuar ali… Eu nada fiz: não compreendia.
Então acordei e escrevi este texto. Contei: “Era uma vez um Lugar”.

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